quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Moradores da Vila Autódromo, zona oeste do Rio, se reúnem para discutir remoções na comunidade


Publicado em 7.12.10 – Por Rafael Lopes

Ameaçados de remoção pela Prefeitura do Rio de Janeiro, os moradores da Vila Autódromo, comunidade localizada em uma das regiões mais valorizadas do município, a Barra da Tijuca, se reuniram no domingo, dia 5, para discutir o rumo da comunidade.

Encravada no centro do empreendimento imobiliário da região, a Vila é alvo de ameaças de remoção desde 1992. Agora, com a realização dos megaeventos esportivos - a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 -, a comunidade volta a ficar na mira da Prefeitura.

O encontro aconteceu nos fundos da Associação de Moradores com cerca de 80 moradores. Na reunião também aconteceu a distribuição da cartilha “Como atuar em projetos que envolvem despejos e remoções”, do Núcleo de Terras e Habitação, produzida pela Relatoria Especial da Organização das Nações Unidas (ONU).

O presidente da Associação de moradores, Altair Guimarães, enxerga esse guia como uma ferramenta no auxílio da luta da comunidade contra a remoção. “A cartilha vai melhorar a participação do povo ensinando aos moradores como se comportarem diante dessa realidade”, afirma.

Há três anos acompanhando a luta da comunidade, o Defensor Público Alexandre Mendes é a favor da manutenção da comunidade no local e considera o argumento apresentado pelo governo municipal sem fundamento. “Este ano, a Prefeitura apresentou algumas propostas para remoção da comunidade: a construção de uma área de trânsito de segurança para atletas e jornalistas, um centro de mídias e a abertura de uma via expressa. Esses argumentos violam a legislação internacional de remoção, na qual é prevista, que tal medida seja tomada apenas em casos extremos e nesta situação, a regra não é respeitada”, destaca.

A dona de casa Maria Fernandes mora na Vila Autódromo há dez anos e tem dois filhos. Ela relata que a sua família está habituada ao local e a preocupação do rumo da história. “Meus filhos estudam perto daqui e meu marido trabalha na região. Estamos apreensivos com a situação, não sabemos do nosso próprio futuro”, declara.

Morador da Vila Recreio II, outra comunidade ameaçada de remoção, também localizada na zona oeste do Rio, Jorge Oliveira, conta que 15 famílias da comunidade já foram removidas. “Levaram as famílias para Estrada do Caboclo, 40 km distante da Vila. Estamos muito preocupados com o destino dos outros moradores”, afirma.

Alessandra Medon, presidente da Associação de moradores da Taboinha, conseguiu uma liminar que estendeu o prazo da remoção da comunidade junto ao Tribunal de Justiça. “Os desembargadores entenderam que nós tínhamos a razão e suspenderam a decisão. O prazo da Prefeitura não vale até que seja julgado o recurso”, ressalta.

Um comentário:

Léo C. disse...

Olá, meu nome é Leonardo e eu sou estudante de comunicação e ciências sociais na Finlândia (fui aluno da Ana em Niterói há um tempinho atrás).

Está sendo muito bacana acompanhar o trabalho de vocês pelo blog. Eu estou pesquisando participação popular em mídias comunitárias e será um prazer conhece-los pessoalmente quando eu for ao Rio visitar minha família em Magé City.

Abraços da friaca finlandesa,
Leonardo